PROJETO RECOMEÇO
Projeto de acolhimento à refugiados do Afeganistão
Plano: Mobilizar igrejas locais ou distritos para acolherem famílias Afegãs que estão chegando ao Brasil na condição de refugiados.
Recentemente a Agência da ONU para refugiados, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) nos trouxe uma chocante informação: o mundo chega ao número recorde de 100 milhões de pessoas entre refugiados e deslocados. Essa situação, que tem sido considerada a maior crise humanitária da atualidade, é reflexo do atual cenário de intolerância, violência, conflitos, guerras, perseguição racial ou religiosa e instabilidades sociais e políticas.
A Convenção de 1951 designa refugiados como aqueles que estão fora de seu país natal por conta do medo da perseguição relacionada a conflitos armados, questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a grupo social ou opinião política, bem como violação grave e generalizada de direitos humanos que buscam proteção em fronteiras internacionais. Metade destas pessoas é menor de idade. Crianças e adolescentes sendo expostos à violência, abuso, negligência, exploração, tráfico, e recrutamento militar.
A atual crise de refugiados alavancou a imigração para uma posição de destaque nos debates internacionais. Ela está sob o holofote nas discussões sobre segurança e políticas eleitorais em diversos países. A crise também redefiniu a agenda econômica e de desenvolvimento com relação às outras partes do mundo. Estes distúrbios já estão alterando o nosso mundo de forma significativa e irão continuar a alterar nosso futuro muito além do que imaginamos.
Observando esse cenário, encontramos o Afeganistão no topo da lista dos países que mais tem gerado pessoas em busca de refúgio. Milhares de Afegãos têm deixado o país desde Agosto de 2021 quando o Regime Talibã retomou o poder. Depois da tomada desse grupo, a situação para a população no Afeganistão piorou drasticamente com milhares de Afegãos na miséria total. Além de viverem debaixo de um contexto contínuo de guerra, muitos deles sofrem risco de morte por conta de perseguição religiosa e racial.
Um bom número desses Afegãos foi recebido nos Estados Unidos e boa parte está se deslocando ilegalmente para a Europa em busca de asilo. Contudo, mais recentemente, milhares começaram a chegar aqui no Brasil, já que somos o único país que está concedendo visto humanitário para Afegãos.
Conforme deliberado pela portaria MRE-24 03/09/2021, o Brasil se tornou um dos países anfitriões para refugiados advindos do Afeganistão. Assim, o Brasil deve proporcionar ao refugiado proteção legal e física, incluindo o acesso a direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais semelhantes aos desfrutados pelos nacionais.
Justificativa: Segundo dados da ACNUR publicado em Setembro de 2022, o Brasil concedeu 5846 vistos humanitários para Afegãos. Desses cerca de 2240 já deram entrada no país, portanto ainda se espera a chegada dos outros 3606 nos próximos meses. Sem contar que pedidos de novos vistos seguem sendo processados.
O Governo Brasileiro está cedendo esses vistos, mas não tem um projeto de acolhimento para esses Afegãos. Essas pessoas estão desembarcando no aeroporto de Guarulhos sem terem para onde ir, pois a maioria deles não possui contato ou ajuda em nosso país.
A prefeitura de Guarulhos, bem como outras organizações estão prestando um socorro emergencial para essas famílias que estão se instalando no aeroporto, mas poucos estão sendo alocados devidamente a fim de recomeçarem suas vidas. Algumas organizações cristãs estão se mobilizando para acolher essas pessoas, mas a capacidade delas já está esgotada.
Famílias inteiras, muitas crianças, idosos e mulheres grávidas estão acampando no chão do aeroporto. Passam semanas dormindo no chão frio, dependendo de ajuda para se alimentarem, sem acesso à higiene básica, etc. Essas pessoas estão perdidas, sem saber o que fazer, frustradas e sem perspectiva. Uma situação desumana e cruel!
Tendo em vista que há uma necessidade visível, uma demanda por acolhimento, organizações cristãs estão se mobilizando na tentativa de ajudar essas famílias. Elas precisam ser realocadas. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), a transferência de refugiados de um país anfitrião para outro Estado que concordou em admiti-los é chamada reassentamento.
O reassentamento é um processo de acolhimento e alocação do refugiado/família de maneira segura, organizada, humanitária, buscando a inserção e autonomia do refugiado/família na comunidade brasileira.
Lembremos que essas pessoas são seres humanos que tem nome, família e uma história de vida, que na grande maioria engloba sofrimento e dor. Carregam experiências traumáticas de seu país de origem, fugas, perdas, sobrevivência e determinação que deixaram cicatrizes emocionais e até traumas. E o pior que esse fardo emocional se soma às necessidades materiais que por si só já são enormes...
Ação: E em meio a essa realidade, nós como povo do Senhor, devemos nos perguntar: E agora? O que fazer? Como ajudar? Qual o nosso papel?
Como nos desperta Sam George (Catalisador de Diásporas com o Movimento de Lausanne), esse é a hora da Igreja do senhor Jesus transformar a maior crise humanitária da atualidade na maior oportunidade missionária. Deus tem transformado essa situação tão desesperadora em tamanha oportunidade de missões. O que está acontecendo está além do planejamento estratégico de qualquer igreja ou agência missionária. É uma estratégia do próprio Deus!
Em meio a essa triste realidade, uma luz brilha no fim do túnel, trazendo esperança de transformações dramáticas em suas vidas e novas perspectivas. Luz essa que chega através do poder do Evangelho. Muitos têm sido os relatos de refugiados ao redor do mundo se voltando a Cristo. Deus está fazendo algo novo e empolgante diante desta crise absurda. E Ele nos dá o privilégio de participar do que está fazendo em meio aos refugiados.
Essa é a hora, a grande chance que temos de compartilhar as Boas Novas entre os Afegãos (um povo muçulmano oriundo do país mais fechado ao Evangelho. O país número 1 em perseguição aos cristãos. Muçulmanos que se ainda estivessem em seu país de origem, muito dificilmente teriam a oportunidade de ouvir de Jesus como O Filho de Deus.
Deus também está se movendo entre as pessoas que se movem... E quanto a nós? Eu? Você?
Vamos ficar parados? Não podemos! Que o desejo do nosso coração seja nos unir ao que o próprio Deus está fazendo entre os refugiados.
Sejamos resposta para esses refugiados!
“Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.”
Mateus 25. 35-40
Sendo Igreja podemos e devemos expressar o amor de Deus para com os estrangeiros.
Objetivos:
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Levantar igrejas para acolher famílias Afegãs (que estão à espera em organizações de acolhimento temporário) com compaixão, se responsabilizando pelo cuidado integral das mesmas e lhes acompanhando no processo de inserção na sociedade Brasileira;
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Testemunhar do amor de Jesus por meio do socorro humanitário respeitando as diferenças culturais e religiosas.
Público alvo: Pessoas de nacionalidade Afegã que estão chegando ao Brasil como refugiados
Quem são essas pessoas e porquê tiveram que fugir de seu país?
Ao contrário do que muitos pensam, ao Afegãos não são generalizadamente terroristas. As pessoas que estão fugindo do Afeganistão são cidadãos comuns que corriam algum tipo de risco se continuassem vivendo lá.
A maioria dos Afegãos que tem chegado ao Brasil são de uma etnia chamada Hazara e também alguns da etnia Tajique e Uzbeque. Essas 2 etnias fazem parte de minorias que vivem no Afeganistão. Eles falam a língua Dari e quase todos seguem o ramo do Islamismo Xiita.
Por serem minorias que não seguem o ramo Sunita do Islamismo, que é praticado pela etnia Pashtun, sofrem perseguição e retaliação constantes, já que o grupo extremista Talibã, que tomou o poder em 2021, segue a lei islâmica chamada Sharia adotando punições físicas com castigos e abusos severos, como açoites, apedrejamento, perseguição e até condenação de morte na forca para os que não compactuam da mesma visão religiosa.
Quase que na sua totalidade, os Afegãos que estão sendo recebidos no Brasil vieram fugindo de alguma ameaça ou perseguição, pois eram pessoas que de alguma forma estavam ligadas ao governo anterior apoiado pelos EUA: pessoas que trabalharam em repartições públicas, em Embaixadas, em ONG’s; artistas em geral; mulheres que exerciam cargo de liderança, como: juízas, professoras universitárias, médicas, etc.
Além desses motivos, que já são suficientemente terríveis, devemos levar em conta ainda a situação econômica e social atual do país que está um caos: muita miséria, fome, deslocados internos (pessoas que tiveram que deixar suas casas e tudo para trás e agora vivem em barracas em outras partes do país ou até mesmo nas ruas por terem sido expulsas de suas casas). As meninas não podem mais estudar e as mulheres também foram proibidas de trabalharem.
O país está vivendo uma grande crise humanitária. Não existe emprego ou formas de ganhar dinheiro; pais estão vendendo suas filhas, vendendo órgãos para sobrevivência; outros estão drogando as crianças para que não sintam fome por não terem como alimentá-las.
Portanto, para essas pessoas, viver no Afeganistão hoje é quase uma sentença de morte e total desesperança. As famílias que queremos ajudar são oriundas dessa realidade; realidade essa, que por si só, se faz mais que justificável a fuga do país na tentativa de refazerem suas vidas.
Compromisso da igreja acolhedora:
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Responsabilizar-se pelo cuidado integral da família acolhida,
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Ajudar a família na administração financeira, acompanhando o pagamento das despesas de: aluguel, contas de luz e água e taxas governamentais, bem como orientando sobre os gastos com alimentação (levando em consideração as necessidades alimentícias das faixas etárias dos membros que compõem essa família), material escolar, vestimenta, medicamentos, etc. por um período mínimo de 9 meses, tendo como ideal dar-lhes suporte por 1 ano;
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Encaminhá-los para solicitação dos documentos necessários para legalização em nosso país;
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Providenciar ensino da Língua Portuguesa;
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Promover orientação sobre a cultural Brasileira a fim de ajudá-los no processo de adaptação ao contexto Brasileiro;
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Prover acesso à atendimento médico e odontológico e até psicológico sempre que possível;
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Providenciar imediatamente escola para os filhos menores de idade;
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Respeitar a privacidade e proteção da família, não expondo-os em qualquer meio de comunicação televisivo ou virtual; não postar qualquer imagem deles em mídias socias, etc;
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Respeitar a cultura e religião da família; não os coagir a frequentarem cultos ou reuniões ou ameaçar cortar a ajuda por conta de questões religiosas.
Tendo em vista que esse processo de reassentamento torna o acolhimento algo delicado, e de longa duração, requererá atenção, preparação, resiliência, perseverança, respeito e cordialidade.
Por isso, precisa-se definir uma pessoa que será responsável na igreja local para acompanhamento total do projeto junto à AGEMIW, de preferência que fale Inglês ou que tenha alguém para interpretá-lo. Essa pessoa- chave (o coordenador local) precisará criar uma rede de voluntários, como: Assistente Social, Professores de Língua Portuguesa, Médicos, Dentistas, Psicólogos, Advogados, para auxiliar a família em suas diferentes necessidades, ajudando os no processo de inserção em nossa sociedade.
Tanto o coordenador quanto a equipe precisarão participar de um “treinamento” conosco para estarem melhor preparados para lidarem com as diferenças culturas, linguísticas e religiosas dos Afegãos acolhidos.
“Não deixe de fazer algo, simplesmente porque você não pode fazer tudo.”
Bob Pierce
Contatos para maiores informações:
Coordenadora do Projeto - Mis. Zazá: (24) 98805-0565 ou zazamozer@gmail.com